segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vítimas

"Um dos suspeitos de ter arrastado um bebê com um carro, após assalto em Maceió, foi assassinado na noite da quinta-feira (7), na capital alagoana. 
(...)
Um adolescente de 13 anos que estava no local também foi morto. Segundo o delegado, testemunhas afirmam que traficantes foram os responsáveis pela morte dos dois menores.
(...)
O delegado informou ainda que na próxima segunda-feira (11) os pais das duas vítimas serão ouvidos."


Não vou sequer entrar no tema da definição do termo "vítima" a partir do dicionário. O que interessa é que, a meu ver, um criminoso que morre pelas mãos do crime não é uma vítima. Se a mãe dele o tivesse assassinado por se tratar de um dependente químico agressivo - como ocorreu há algumas semanas aqui em Porto Alegre -, nem assim seria uma. Uma pessoa que opta pelo crime não é vítima (nem da sociedade), e ela sabe que sua sorte estará lançada a cada novo dia. Logo, no exemplo acima, o jovem que roubou um carro e deixou uma mãe desesperada o fez provavelmente para financiar o mercado do narcotráfico, no qual se meteu por unicamente sua conta e risco. Não é vítima de nada além da sua fraqueza de espírito.

É diferente de outros casos de crimes bizarros de que temos ouvido falar ultimamente. No mesmo G1 foi publicado que uma adolescente utilizou cola em um bebê de 3 meses para unir seus olhos, boca e genitália. Quem é essa adolescente? A ex de um garoto - sim, um garoto de 20 anos - que insistiu no erro de constituir família cedo e é pai dessa menininha com outra adolescente de 16 anos. Ela, que ainda não foi linchada por ninguém, se o fosse poderia talvez ser chamada de vítima. Mas de sua própria obsessão.

Agora, pensemos: faz sentido adolescentes se agarrarem à relacionamentos e cometerem crimes passionais por conta deles? O que a motivou a fazer isso? O fato de viver em uma comunidade de periferia, sem acesso a muitos recursos e com uma mentalidade transmitida de mãe para filha de que se há alguma garantia nessa vida, que seja de conseguir um marido? Não sei, mas poderá ser. É triste, de toda forma.

Indo mais além: vítima mesmo, de fato e com propriedade, somos apenas quando agredidos (física ou moralmente) sem termos feito qualquer coisa para merecer essa agressão. Vítima é a mãe cujo filho foi arrastado junto com o carro roubado pelo finado aprendiz de criminoso. Porém a outra mãe, a do bebê, no meu ponto de vista não é. Uma menina de 16 anos nunca deveria ter um filho, ou seja, sua irresponsabilidade social lhe tira a inimputabilidade. Mas a sociedade brasileira está tão destituída das noções de ética que já é difícil encontrar a raiz desses problemas todos.

Enfim, fica aqui a minha impressão sobre os acontecimentos de que ouvimos falar nos últimos dias. São tantas, tantas histórias tristes ou repugnantes que chegam aos nossos ouvidos que o estado de revolta já é uma constante. Uma péssima constante em nossas vidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário