sábado, 2 de maio de 2009

A cerveja e o padre

Final de tarde de um feriado.
Shows gratuitos, populares e ao ar livre no anfiteatro da cidade.
Anfiteatro a 10 minutos de casa.
Pensamento: se vai tocar uma banda maneirinha, e se é de graça, vamos dar uma espiada lá.

Chego ao local e - blergh! - milhões de barracas de comida, fumaça de churrasquinho, criançada chorando, piriguetes passando, banheiros químicos bombando... mas, coragem, vou conseguir encontrar a minha parceira viajada deste blog!

Após encontrar a Josie e pararmos em um local, já que ainda estava no meio da missa campal do Pe. Marcelo Rossi (o show que eu queria assistir viria depois), passei a observar as pessoas à volta. E foi aí que dei-me conta do quanto as pessoas não têm reverência alguma com a sua religião.
É compreensível que, dos milhares de expectadores do evento, uns 30% estavam ali de coração para participar do momento católico da tarde e os demais estavam pela zoeira. Mas ainda assim ver rodas de jovens bebendo cerveja enquanto dançavam as músicas marotas do padre me causou uma péssima impressão. Das piores possíveis.

Fato é que a maioria das famílias se diz católica nesse país, mas emenda dizendo que são católicos não praticantes (o que significa na prática não ter vínculo com religião alguma). De qualquer forma, ao se dignar a sair de casa para ir em um evento como esse, o que custa se comportar com um mínimo de respeito? Alguém aí vai à igreja com uma latinha de cerveja na mão? Tecnicamente ali seria o mesmo propósito!

Que os vendedores ambulantes tivessem cessado a venda de bebidas alcoólicas somente durante a missa. Que os participantes prestassem atenção na letra das canções que estavam cantando. Que houvesse algum impacto cristão nesses coraçõezinhos!

Sei que meus arroubos de revolta nesse sentido estão relacionados ao longo tempo em que frequentei igrejas regularmente (sim, tive temporadas em igrejas evangélicas e temporadas em uma igreja cristã tradicional muito maneira). Por mais que se dê um tempo ou que se mude de opinião sobre alguns aspectos, a essência ficará guardada para sempre no íntimo da gente. E isso é positivo, pois se saímos de uma experiência sem levarmos conosco alguma bagagem, essa experiência terá sido em vão.
Talvez nunca mais volte a ser a cristã que fui nos últimos 10 anos, mas acredito que jamais voltarei a ser um indivíduo sem respostas para as perguntas mais profundas do meu íntimo. Os questionamentos que possuo hoje são muito mais efêmeros do que seriam se a essência não tivesse sido mantida.

No fim não tivemos paciência para esperar o tal show e viemos embora caminhando pela orla, não sem antes sermos quase atropeladas por um trio elétrico com puxadores de escola de samba em cima.
Festas populares sux!

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