terça-feira, 14 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Porto é Alegre, mas eu nem tanto

Às vezes penso que seria feliz em qualquer lugar do mundo que não Porto Alegre.
Pode ser apenas depressão de domingo à noite, ou também a maldita mania que mantemos de fazer uma retrospectiva pessoal durante o mês de dezembro. Mas deve ser uma percepção genuína, afinal eu a tenho seguidamente e independentemente de data. Vem e se instala no espacinho mais profundo do meu ânimo. E me arrasa.

Já faz uns 3 meses que não viajo - desconsiderando, claro, as idas à casa dos meus pais - e isso está me fazendo mal. A maioria das viagens esse ano foram a trabalho, porém para mim pouco importa: interessa é cumprir com os compromissos e simplesmente estar em um lugar diferente. Ver pessoas que nunca vi, caminhar por ruas das quais só tinha ouvido falar, botar a cabeça no travesseiro macio de um hotel sem me preocupar com tarefas domésticas, experimentar sempre situações novas. Tô em crise de abstinência.

Torre de Los Ingleses - Buenos Aires
Porém não é só isso. Tenho a convicção de que seria mais feliz em Buenos Aires. Acredito firmemente que não me incomodaria com os noticiários e caminharia pelas ruas do Rio sem galho. Poderia enfrentar de boa o trânsito de São Paulo se isso fosse o preço para viver na capital cultural da américa latina. A mí me gustaría mucho vivir en España, com a facilidade que há em visitar outros países europeus. Talvez até me acertasse em NY, apesar de que precisaria aprender a gostar dos americanos. And we don't speak americano. =P

Você já teve essa inquietação? Possivelmente sim... é difícil nos contentarmos pura e simplesmente com a vida que já temos. Podemos aceitá-la, na falta de alternativas ou oportunidades, mas não consigo acreditar que alguém consiga se imaginar a vida inteira na mesmice. Apesar de conhecer pessoas capazes disso...

E quando as coisas não saem como a gente gostaria, aí mesmo é que dá vontade de dar um break e sumir por uns tempos. Bater asas para qualquer lugar.

Lembro que na semana passada, conversando com uma amiga, ela falou-me sobre uma proposta que recebeu de passar uns tempos trabalhando em um hostel na Patagônia. Se você torceu o nariz por pensar "putz, que fim de mundo!", digo-lhe que se eu pudesse e estivesse no lugar dela aceitaria na hora. Só pela experiência.
Lembro também que recentemente disse a outra pessoa que sonho/almejo/projeto fazer algo fora do país depois que ganhar alforria da UFRGS. Isso tem sua essência de verdade, embora eu tenha utilizado tal argumento para assegurar-lhe de que não estava fazendo planos a longo prazo com essa pessoa. Era uma DR, sim. E repensando posteriormente, vi que aquilo foi muito mais um escudo do que uma verdade. Eu trocaria minha ideia de pós na Europa por um amor tranquilo e projetos de vida que não dependam apenas de mim. Sabe? Too late, agora já falei demais.

Aí hoje, domingo bonito de sol, eu poderia ter saído com uma amiga que me ligou. Poderia também ter ido ao show do Nando Reis no parque aqui pertinho (nem curto, mas não faz mal). Quem sabe poderia ter ido à academia ou feito uma power caminhada na orla. Poderia, poderia... mas só tive ânimo de sair da cama perto do meio-dia e acabei ficando o dia inteiro de camisola, aproveitando o tempo bom para lavar uma montanha de roupas e curtindo meu cantinho. Sem vontade sequer de estudar e matar a última tarefa do semestre... captou o desânimo? Ele é cíclico, e cada vez mais penso que o diagnóstico está na primeira frase deste texto - mesmo que a razão diga que essa é a fuga que encontrei para os problemas que não enfrento por pura procrastinação crônica.

Pelo sim, pelo não, não é raro pensar em recomeçar a vida em outro lugar. Tentar fazer as coisas do jeito certo em uma nova realidade: sem os velhos vícios, os amores mal resolvidos, a carreira que tenho levado arrastadamente e os erros que estariam irremediavelmente ligados à forma como construí meus alicerces. Papo pesado, né? É porque tá faltando bebida nesse apê. Tô de dieta e maneirando em quase tudo o que é bom. Porque o que é bom é ilegal, imoral ou engorda.

Enfim... espero que as próximas férias injetem um pouco de ar nos pulmões. Areshh cariocaishh, sabecomoé.
Mas ainda faltam dois meses para as férias! OMG OMG OMG!