terça-feira, 21 de abril de 2009

Livros não deveriam virar filmes

Desde que "O caçador de pipas" foi adaptado para o cinema fiquei tentada a assistí-lo, uma vez que sou fã confessa do livro. Por outro lado tinha receio de encarar o filme e me decepcionar, pois uma obra tão forte dificilmente seria plenamente contemplada na sua versão visual, e temia que as cenas que mais me comoveram seriam cortadas. Mas apenas ontem peguei o DVD para conferir.

Existem histórias que não nasceram para serem contadas em imagens, e apenas o preto e branco das páginas pode lhe dar a grandiosidade que merecem - o que parece contraditório, guardar uma história rica em maços de papel na estante ao invés de dar-lhe forma, luz e cores - mas nesse caso cairia muito bem a adaptação, se o objetivo da produção fosse o mesmo do autor do livro.

Porém enquanto o livro trata de reparação de erros, de sofrimento e redenção, o filme enfoca apenas na redenção. Melhor dizendo, o fator sofrimento que é acentuado no sobrinho de Amir foi suprimido, e as cenas do livro que explicam toda a perda de esperança do menino não foram incluídas. Com isso, o final do filme ficou não só comprometido e como também leviano. Uma grande falha, na minha opinião, para uma película que tinha tudo para ser um sucesso.

A cena que mais me chamou a atenção em toda a história foi quando o menino Sohrab, após ter tentado o suicídio, suspira fundo e diz a seu tio Amir que está cansado. O tio lhe responde dizendo ser natural a uma criança que passou pela má experiência que ele acabou de passar esteja fraca e debilitada. Mas ele responde que está profundamente cansado é da sua luta pela vida, por sentir não poder confiar em mais ninguém, por estar só, sem seus pais, fora do seu país, sem esperança, sem vontade de viver.
Como no filme nada disso foi exibido, não fez o mínimo sentido o menino terminar o filme empinando uma pipa com seu tio, já nos EUA, triste e calado. Ele então deveria estar contente por ter sido tirado do inferno afegão em que viveu. Enfim, uma cena ignorada pode mudar totalmente o rumo e o sentido de uma história. Seja ela literária, seja ela a nossa história real.

Ainda assim já estou esperando ansiosamente pelo lançamento de "Budapeste" em 22 de maio. Espero dessa vez não me surpreender negativamente!

4 comentários:

  1. Concordo contigo... Fui ver Marley e Eu, e assassinaram o cachorro! :( Simplesmente omitiram os fatos mais engraçados... Acho um que ficou magnifico mas ainda assim não chegou perto do livro, foi O Senhor dos Anéis. Imagine o resto...
    Beijos

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  2. Mas Senhor dos Anéis é uma trilogia muito melhor que o livro! Sem 90% das enrolações

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  3. E o Código DaVinci? Vi o filme primeiro e depois li o livro... Nossa! Fiquei chocado, apesar de ter gostado de ambos!
    Mas o pior pra mim foi Coraline! Pegaram um livro sombrio e denso e fizeram uma coisa infatilóide! Fiquei muito puto!
    Bjocas!

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  4. Updating: já me decepcionei um pouco. O protagonista será o Leonardo Medeiros que pra mim não tem a cara do personagem que li. :o)

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