domingo, 8 de fevereiro de 2009

Uma viajada solitária

É a primeira vez que pego a minha mochila - que como uma boa menina está bem pesadinha com roupas que não terei tempo de usar - e me sumo sozinha no mundo.

Claro, frase com exageros - meu destino era certo! E o ideal: curtir a minha companhia.

Ontem, caminhando, sentindo a maresia, a areia se acumulando debaixo das minhas unhas e observando as pessoas me peguei pensando em como o ser humano cria a dependência em outras pessoas. Primeiro é a família: não nos imaginamos viver sem ela, embora possa ser um tanto estressante programas familiares - pra termos a companhia até aceitamos tais situações.
Segundo são os amigos: aquela família que construimos com base nas afinidades. Geralmente temos "grupinhos". Aquele amigo pra ir no cinema, aquela que curte teatro, aqueles que encontramos somente no boteco com muita ceva gelada, aquelas que são baladeiras natas e porque não aqueles que estão somente no ambiente de trabalho?
E, por último o marido: ou companheiro ou namor ou qualquer coisa assim.

Só que chega o dia em que não nos sentimos felizes com aquele casamento e decidimos que é melhor ficar sozinha.

Estou bem e feliz há um ano. Fazendo o que pessoas solteiras fazem!

Mas, eu precisava me testar mais. Queria ver se eu poderia realmente ser feliz assim! Confesso que foi um tanto trabalhoso passar o protetor solar nas costas, só que não estou queimada. Então, me senti capaz!

Ontem, finalizei a minha noite lendo Clarice Lispector - livro que ganhei do meu cunhadinho querido no último niver e que estou devorando em doses homeopáticas e prazerosas - até que parei no título Perdoando Deus. Me vi logo no primeiro parágrafo. Ela descrevendo um dia na praia, várias reflexões sobre a vida até que num momento sublime e como demonstração de carinho se sentiu mãe de Deus, da Terra, da vida. Até que Deus colocou em seu caminho um rato morto. Um rato, seu maior pavor - voltando a se sentir apenas uma mortal qualquer.

Fechei o livro e dormi pensando qual seria o meu rato morto. O que me faria voltar à realidade? O que me faria sentir a necessidade de não estar mais nesse momento sublime? O quê? O quê?

Não cheguei a nenhuma conclusão e sim ao sono. Hoje, continuando a minha vida solitária novamente acordei a hora que quis, comi o que me deu vontade, saí com o cabelo parecendo a medusa e com brincos e anéis que piscaram pra mim. Não me preocupei com a combinação das roupas. Não tinha ninguém para me reprovar. A não ser eu mesma! E, confesso a vocês a minha companhia é afudê!

No entanto, a minha companhia não foi o suficiente no meu último banho! Encontrei o meu rato morto. Enquanto lavava o meu cabelo e olhei para a parede, lá estava ela! Uma lagartixa. Me olhando, me analisando, me encarando, meu maior trauma de infância. Quis gritar. Mas, não havia ninguém para me socorrer. Aliás, se alguém no hotel viesse me socorrer seria um tanto constrangedor.

Preferi o meu silêncio pavoroso. Quando encerrei o banho ela não estava mais no meu campo de visão. Penso, desejo, peço que ela não esteja no meu quarto quando eu voltar. Ainda não sei como será a minha noite.

Estes dias são como uma terapia. Quem já fez terapia sabe: muitas perguntas, muitas reflexões e nem sempre as respostas estão na ponta da língua.

Acho que estou conseguindo atingir o que vim buscar!

2 comentários:

  1. É, eu que sou adepta dos momentos de solidão recomendo um final de semana fora da rotina e longe de todos.
    Faz bem raciocinar sem a intervenção de qualquer pessoa. Mesmo aquelas que opinam "porque querem nosso bem".

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  2. Para momentos de solidão recomendamos a leitura de um bom bom livro para te manter intertida e te dar um motivo para postar nesse blog!

    Bjão! =*

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