segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O vestido e a vergonha

Prometi não gastar tempo discutindo sobre a repercussão do caso da garota da UNIBAN, mas não consigo permanecer inerte a tanta falta de escrúpulos da sociedade em geral. Esse país não é sério, não pode ser levado à sério, não merece ser levado à sério. Uma sociedade em que uma piriguete anônima e oportunista é catapultada a estrela do submundo das pseudo-celebridades e lucra com isso não passa de uma sociedade escrota. Sim, estou muito revoltada com tudo isso!

Primeiro porque essa garota não deveria estar em uma universidade (sequer entro no mérito da qualidade duvidosa da instituição), uma vez que uma pessoa com o mínimo de critérios frequentaria um curso de graduação focando exclusivamente na sua futura carreira; e ela, como pode-se verificar, na primeira oportunidade de ganhar dinheiro e fama fáceis, agarrou com as duas mãos - e possivelmente com algumas chaves de pernas. Duvido que concluirá seu curso superior depois de ganhar dinheiro com os trabalhinhos que estão pintando. Agora, por favor, daonde que aquela figura tem cacife para vender Playboy? Hmmm, ok, uma revista que vende Melancia como Marilyn Monroe realmente já está caquética, mas ainda assim não se justifica... a loira-cor-de-rosa é sexy, rapazes?!

Em segundo lugar, ela tem uma cara e uma atitude quase mais vulgar do que as funkeiras que exibem seus bundões mundo afora. Francamente, não é nem um pouco estranha a atitude que os alunos da universidade tiveram ao hostilizá-la, levando em consideração a atitude provocante que a mocinha deveria ter para com todos. O que me irrita, me revolta e me decepciona nesse país é justamente isso: a vulgaridade ser celebrada em detrimento da sensualidade. O que é vulgar não é sexy, são valores mutuamente excludentes, e uma mulher que se criou vulgar não se tornará sexy nem por um decreto. Essa discussão foi retomada recentemente quando Dita Von Teese passou pelo Brasil, mostrando que quando uma mulher é realmente sexy e tem classe, ela pode ser uma stripper que continuará impondo certo respeito. Parece incoerente, não é mesmo? Não.

E em terceiro lugar, mas não menos importante, ainda me espanta o interesse da TV brasileira em chamá-la para participações em diversos programas, de humorísticos decadentes a programas de auditório. Tipo, o que essa pessoa fez de importante para merecer ibope? Definitivamente a mídia brasileira não está nem aí para formar opinião de forma inteligente. É triste, nessas horas e em muitas outras eu me envergonho de morar em um país assim. Sei que estou chovendo no molhado, que esse tipo de oportunismo existe há muitos carnavais, mas quando uma bunda cai na mídia porque "está se lançando como artista" eu até relevo, afinal a pessoa que tenta a fama geralmente o faz por vias artísticas (óbvio que aqui o conceito de arte está beeeeem longe do correto e admirável). Mas uma pessoa se valer de algo que poderia ser uma discussão ética para virar mais uma musa (eca!) do imaginário masculino é de doer na consciência.

Desejo do fundo do meu coração que essa garota mofe no esquecimento em pouquíssimo tempo.
E desejo também que um dia nós, mulheres de valor, trabalhadoras e com alguma moral possamos finalmente ser reconhecidas como mulheres de verdade.

3 comentários:

  1. Concordo com muitas coisas.... mas ela é "pobre e conseguiu vender na vida" como o sonho que é vendido na TV todos os dias.

    We are the losers! :P

    Eu defendi a questão de vestir o que quiser... mas depois me senti traído.

    E pra ela sair na Playboy... puta merda... eu acho que todas as mulheres bonitas foram abduzidas.

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  2. Também acho.
    Gorda daquele jeito, ela não poderia usar um vestido daqueles!

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  3. Eu cansei desse assunto. O pouco que eu falei só consegui me irritar com pessoas que não sabem separar as coisas.

    A atitude dos alunos naquele dia foi deplorável, ninguém de bom senso questiona isso. A universidade falhou em não punir ninguém.

    Agora a atitude dela também foi sim digna de punição. Expulsão talvez seja exagero, mas alguma coisa tinha que ser feita (e no fim, não foi). Só que foi só eu falar isso pra um idiota me dizer que eu era a favor do estupro da menina. Como se uma coisa tivesse a ver com outra.

    E agora ela fica em todos os canais de TV fazendo troça da própria instituição que aceitou sua matrícula.

    Mas o que mais me deu raiva são as pessoas defendendo o comportamento da garota como normal. Que a gente não tá mais na época pra discutir comprimento de saia é verdade, que andar com roupa curta é escolha pessoal, não tenho dúvida. Muita mulher usa vestidos curtos e nada acontece por causa disso. Ela mesmo afirma sempre ter usado o mesmo tipo de roupa desde o início do ano.

    Mas fazer "showzinho" em rampa é normal? Ficar provocando? Tem muita gente que diz que sim. Só se for normal em outro tipo de estabelicimento.

    Não sei em que lugar estudaram esses que acham tudo normal, eu estudei numa faculdade, pra mim não é.

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