quinta-feira, 11 de junho de 2009

Egos virtuais inflados

Confesso que tenho uma certa incompreensão pelo furor com que blogueiros desse país tratam a blogosfera, twittosfera ou que outros nomes mais utilizem para agregar redes sociais e afins. Sim, tenho conta no Twitter e acesso diariamente, acompanho algumas poucas figuras populares mas continuo priorizando meus conhecidos pessoais ali. Entretanto essa semana observei a troca de farpas entre o Tas do CQC e o Cardoso, "formadores de opinião" dessa ferramenta virtual.
Sim, vir-tu-al.
Sem contato pessoal.
Deveria ao menos não ser assim levada tão à sério.

O que eles diziam?
Bem, a thread tratava do conceito que em mídias de massa chamamos de celebridades, e que na Web 2.0 seria mais adequado classificar como "reputação e autoridade", disse Alex Primo, cuja opinião respeito muito mais do que a do Cardoso. Na prática: quem tem mais reputação online e quem é hoje O CARA nessa dimensão de redes de relacionamento.
Só que eu vou mais além nessa observação, e cada vez mais me sinto old school ao pensar sobre o assunto. Qualquer meio de comunicação deve ser encarado como uma plataforma para compartilhar conhecimento, trocar informações úteis, transmitir opiniões, apresentar produtos e serviços que regionalmente você não conheceria, entre outras utilidades. Ou seja: para mim ainda a palavra-chave da Web 2.0 é compartilhar. Filosofia open source? Não, não, continuo capitalista. Mas defendo a pluralidade de conhecimento, não de egos inflados.

E esse é o ponto negativo do Twitter no Brasil. Ele é erroneamente encarado por muitos como um palanque para promover a própria imagem, com a democrática visão de aproximar famosos de anônimos. Isto é, assim como qualquer um de nós envia uma direct message para o time dos apresentadores da - ainda - febre das segundas à noite na Band, pode-se saber o que Lily Allen está pensando (e ela dia desses pensou/falou que a dona Susan Boyle não merecia ganhar o tal Britain's Got Talent). E por aí vai.
Ok, essa aproximação com figuras conhecidas do mainstream da vida real de fato vai super de encontro à mania do povo de querer "tocar" no seu ídolo, mas daí a termos "célebres blogueiros" do Brasil disparando sentenças formadoras de opinião visando RTs é patético. Patético, Tati? Isso aí, patético.

Formar opinião é um processo natural e involuntário. Se o que você diz é inteligente, as pessoas ecoarão sem esforço algum. Não serão precisos ínfimos 140 caracteres enchendo as páginas dos contatos alheios para isso acontecer. E falando em contatos, outro ponto que esse povo levou muito ao pé da letra foi o termo seguidores para sua lista de contatos. Por isso ainda prefiro chamá-los de contatos, com o perdão da repetição da expressão. Bilateralidade e igualdade de direitos, por favor.
Para formar opinião é preciso ser criativo no que se diz. É não seguir modelos prontos e principalmente linhas de pensamento preexistentes. Be yourself, but be creative. Se você utilizar fórmulas semiprontas será mais um, e acabará dando aquela impressão de que "já li isso em algum lugar ainda ontem!". Talvez isso explique a minha preferência por conteúdo pessoal ao invés de blogs temáticos. Existem tantos blogs destinados a falar sobre um determinado assunto que zerar a leitura dos feeds todos os dias é uma sessão vale-a-pena-ler-de-novo que não tem fim! Que o digam todos os releases sobre o iPhone 3GS dessa semana.

Além do mais, ainda prefiro blogs ao tal Twitter porque não consigo levar à sério (é verdade!) uma ferramenta onde você tem duas linhas de espaço para se expressar. Transmitir ideias leva tempo, e assertividade é diferente de objetividade excessiva. Marketing viral, promoções, divulgação corporativa, nada disso me parece ser suficientemente atendido por essa ferramenta de microblogging. Aliás, microblogging me lembrou liveblogging. Outra mania de Twitter extremamente tosca, a menos que você esteja cobrindo um evento importante no qual pessoas não tenham podido comparecer, embora o queiram. Exemplo: eu adoraria receber em tempo real informações sobre um Fórum da Liberdade - que nunca consegui assistir por questões profissionais - mas não faço a mínima questão de saber o que você, tão anônimo quanto eu, pensa sobre os premiados do Oscar. Como disse há alguns dias: odeio ser bombardeada com informações que não pedi.

Por fim: o próprio tititi com que a mídia tratou o boom do Twitter me assombrou nos últimos meses. Jornalistas digitais quase que diariamente tratam disso em seus textos como se ninguém pudesse viver sem o último app que usa a base de dados do passarinho. Francamente! Só vi popularidade assim no Orkut lá em 2004. E olha no que ele se tornou hoje: plataforma da maldita inclusão digital. Sim, como disse dia desses um colega de trabalho, não somos entusiastas da inclusão digital.
Ou seja, a bossa de hoje é o popular de amanhã e o brega da semana que vem. Para que tanto alvoroço?

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