quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Música de quinta: Do the evolution, por Pearl Jam

Independentemente de crer ou não no fim do mundo em 2012 ou qualquer outro ano próximo, não tem como não ficar aterrorizada com a resposta que a natureza - ou Deus, para quem crê - tem nos dado para a conduta humana cada vez mais agressiva. Já entrei em conflito na universidade ao discutir os objetivos do homem a médio e longo prazo em relação ao mundo, sua ética, sua consciência. Mas também já fui contra o discurso eco-chato vazio que a maioria das instituições profere. A questão não é o que todos dizem ser bom, mas o que fazem de bom.

E aí estão catástrofes como o terremoto no Haiti, as enchentes pelo Brasil, os furacões que há muito tempo assolam cidades, tsunamis de maior ou menor escala... algo está errado. O que será?

Meu palpite vem com a bomba musical de Pearl Jam, cuja letra dessa vez vai em português para deixar bem claro:




Faça a Evolução

Woo...
Eu estou a frente, eu sou o homem
Eu sou o primeiro mamífero a usar calças, yeah
Eu estou em paz com minha luxúria
Eu posso matar pois em Deus eu confio, yeah
É a evolução, baby

Eu estou em paz, eu sou o homem
Comprando ações no dia da quebra
No frouxo, eu sou um caminhão
Todas as colinas rolantes, eu irei aplanar todas elas, yeah
É comportamento de rebanho, uh huh
É a evolução baby

Me admire, admire meu lar
Admire meu filho, ele é meu clone
Yeah yeah, yeah yeah
Esta terra é minha, esta terra é livre
Eu faço o que eu quiser, irresponsavelmente
É a evolução, baby
Eu sou um ladrão, eu sou um mentiroso
Esta é minha igreja, eu canto no coro
(Aleluia, Aleluia)

Me admire, admire meu lar
Admire minha música, aqui estão minhas roupas
Porque nós conhecemos, apetite por banquete noturno
Esses índios ignorantes não tem nada comigo
Nada, por que?
Porque é a evolução, baby!

Eu estou a frente, eu sou avançado,
Eu sou o primeiro mamífero a fazer planos, yeah
Eu rastejei pela terra, mas agora eu estou alto
2010, assista isso ir para o fogo
É a evolução, baby!
É a evolução, baby!
Faça a evolução
Venha, Venha, Venha

O que poderia ter sido diferente


Toda vez em que assisto ao filme Efeito Borboleta choro mais do que o esperado para o teor da história, e da última vez não foi diferente. Sempre na mesma cena: quando Evan, o protagonista, decide fazer uma última tentativa de consertar a vida das pessoas à sua volta e sacrifica a sua felicidade para salvar a garota por quem sempre foi apaixonado. Como ele faz isso? Indo até o princípio da relação dos dois e impedindo-a de se afeiçoar a ele. Eu choro porque o rapaz foi e voltou no tempo várias vezes, e sempre algo dava errado ou com sua mãe, ou com seus amigos, ou com a garota, ou com ele mesmo - embora sempre ele tenha priorizado o bem-estar dos outros em detrimento de si - e porque a única maneira de tentar garantir uma vida digna a todos tornou impossível a ele ficar com o seu amor.

Não me xinguem por ter contado a moral do filme, afinal ele é super antigo já. Além do mais, a história é tão complexa que vale assistir por inteiro e se deixar envolver pela angústia de Evan. É absolutamente um dos filmes de que mais gostei em toda a minha vida!

E admito que esse filme não é por default uma obra para emocionar, mas minhas lágrimas vertem porque não dá para não me identificar com o filme. Quem nunca desejou poder voltar no tempo e dar um novo rumo à uma história que não se desenrolou como deveria? Quem é que não convive com pelo menos uma consequência de um episódio cujo controle se perdeu na época? Não tente me convencer de que tudo o que você fez/viveu foi do jeito que deveria ter sido. Isso não existe no mundo real. Pode ser que você tenha superado a questão ou tenha aprendido a viver com as adversidades ocasionadas por ela, mas negar a decepção é no mínimo falácia.

Eu se pudesse voltaria no tempo e mudaria muitas coisas das quais me arrependo irremediavelmente e que me doem até hoje. Há feridas que jamais cicatrizam e, se param de doer, é porque as escondemos sob ataduras protetoras; mas mesmo que cubramos com um band-aid bem colorido, vez por outra alguma ponta de armário vai bater em cheio e nos lembrar de que a maldita ferida continua lá... machucando! Para esses casos seria ótimo retroceder até instantes antes da m**** acontecer e tomar outra atitude, mas levando para o passado a bagagem (a consciência) de tudo o que até então ocorreu em decorrência do erro - como no filme!

Se assim fosse, eu teria uma chance kamikaze de dizer a duas pessoas o quanto eu gostava delas. Logicamente em tempos diferentes e, dependendo do caso, sequer haveria a segunda pessoa. Eu poderia ter me desafiado a realizar um esforço sobrehumano na universidade e hoje estar formada e livre para tantos outros projetos que estão envelhecendo. Teria participado mais da vida de pessoas tão importantes mas que já não estão nessa vida. Enfim, entre tantas outras coisas que hoje são apenas rabiscos do que poderia ser uma história digna. Grande parte vinculada a pessoas, ou seja, aquilo que toma um rumo inesperado é quase sempre o que é escrito a pelo menos quatro mãos.

E o que mais doi ao ver o filme e fazer um paralelo com a vida real é que de fato quando pretendemos proteger a quem amamos, há uma significativa probabilidade de sairmos perdendo de alguma maneira. Ou seja, se desejamos a nossa felicidade e tomamos decisões [erradas] mirando-a, muito possivelmente alguém vai ser lesado. Isso na minha opinião tem, sim, relação com a Teoria do Caos:

Ao efeito da realimentação do erro foi chamado mais tarde por Lorenz de Efeito Borboleta, ou seja uma dependência sensível dos resultados finais às condições iniciais da alimentação dos dados. Assim, qualquer que fosse a distância entre dois pontos diferentes, depois de um tempo os pontos estariam separados e irreconhecíveis.
Normalmente este efeito é ilustrado com a noção de que o bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre, pode provocar uma tormenta no outro extremo no intervalo de tempo de semanas.

Fonte: Teoria do Caos @Wikipedia

Cabe a você e a mim decidir quem é que pode suportar mais as consequências de cada pequena decisão própria. Mesmo que ela seja "apenas" uma leve batida de asas.

Minha essência sempre tendeu à abnegação e isso vigorou por quase toda a minha vida, e acredite, eu não era infeliz, se for possível simplificar tanto assim a coisa. Mas com a maturidade e as pedreiras da vida eu mudei - ou melhor, criei uma espécie de carapaça - que se por um lado me protege, por outro me enrijece. E é nisso que está o problema de uma estrutura rija: de fora para dentro faz bem o seu papel, porém de dentro para fora se torna um pesado obstáculo.

O personagem do filme não é e nunca se deixou ficar assim. Pelo contrário, a cada experiência mal sucedida ele via a necessidade maior de voltar a um dos episódio-chave da sua vida e dar um novo rumo. Enquanto todos os outros não estivessem bem, enquanto ele estivesse vivo, ele tentaria mais uma vez. Até que chegou a um ponto de equilíbrio, sob a sua difícil decisão de abnegar da própria felicidade. Foi muito nobre!

Assim, pense: O que você gostaria de reescrever na sua vida? Seria isso possível? Viável? As consequências seriam melhores ou mais amenas do que a realidade pura? Faça esse exercício de reflexão; não me surpreenderei se você encontrar páginas que mereçam ser reescritas e força para fazê-lo. Se existe uma nova chance, do it!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ah.... o verão [das praias gaúchas]!

Seguindo na linha do conteúdo provido por terceiros (pois continuo sem tempo para pensar com a própria cachola), segue uma boa descrição do veraneio gaúcho que poderia ter sido escrita por qualquer um de nós, veranistas sul-riograndenses.

*****

Está chegando o verão e com ele o veraneio, como chamamos aqui no Sul.

Não sei se vocês, de outros Estados, sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma linha reta, sem enseadas, baías, morros, re-entrâncias ou recortes. Nada! Apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro.

Torres, aliás, é um equívoco geográfico, contrário às nossas raízes farroupilhas e devia estar em Santa Catarina.

Característica nossa, não gostamos de intermediários.

Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia. Nada de vistas deslumbrantes, vegetações verdejantes, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivadas aí para cima.

O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa.

É marrom!

Cor de barro iodado, é excelente para a saúde e para a pele! E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem para pegar jacaré ou furar onda. O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos. Quem entra nele tem que se garantir.

Não vou falar em inconvenientes como as estradas engarrafadas, balneários hiper-lotados, supermercados abarrotados, falta de produtos, buzinaços de manhã de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele ardendo, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra. Nem nos dias de chuva, quase sempre nos fins-de-semana, provocando o alegre, intermitente, reincidente e recorrente coaxar dos sapos e assustadoras revoadas de mariposas.

Dois ventos predominam, em nosso veraneio: o nordeste – também chamado de nordestão – e o sul, cuja origem é a Antártida.

O nordestão é vento com grife e estilo... estilo vendaval.

Chega levantando areia fina que bate em nosso corpo como milhões de mosquitos a nos pinicar. Quem entra no mar, ao sair rapidamente se transforma no – como chamamos com bom-humor – veranista à milanesa. A propósito, provoca um fenômeno único no universo, fazendo com que o oceano se coloque em posição diagonal à areia: você entra na água bem aqui e quando sai, está a quase um quilômetro para sul. Essa distância é variável, relativa ao tempo que você permanecer dentro da água.

Outra coisa: nosso mar é pra macho! Água gelada, vai congelando seus pés e termina nos cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que leva para recuperar-se do choque térmico.

Noventa por cento do nosso veraneio é agraciado pelo nordestão que, entre outras coisas, promove uma atividade esportiva praiana, inusitada e exclusiva do Sul: Caça ao guardassol. Guardassol, você sabe, é o antigo guarda-sol, espécie de guarda-chuva de lona, colorida de amarelo, verde, vermelho, cores de verão, enfim, cujo cabo tem uma ponta que você enterra na areia e depois senta embaixo, em pequenas cadeiras de alumínio que não agüentam seu peso e se enterram na areia.

Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. Ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna de alguém ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, você está construindo com seu filho de cinco anos.

O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. Se você for para a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vento ideal para se comprar milho verde e deixar a água fervente escorrer em suas mãos, para aquecê-las.

Raramente, mas acontece, somos brindados com o vento leste, aquele que vem diretamente do mar para a terra. Aqui no Sul, chamamos o vento leste de ‘vento cultural’, porque quando ele sopra, apreendemos cientificamente como se sentem os camarões cozinhados ao bafo.

E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito: nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: “foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador” e outras bichices. Esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.

Morram de inveja, esta é outra das coisas de gaúcho!

Atenta a essas questões, nossa industria da construção civil, conhecida mundialmente por suas soluções criativas e inéditas, inventou um sistema maravilhoso que nos permite veranear no litoral a uma distância não inferior a quinhentos metros da areia e, na maioria dos casos, jamais ver o mar: os famosos condomínios fechados.

A coisa funciona assim: a construtora adquire uma imensa área de terra (areia), em geral a preço barato porque fica longe do mar, cerca tudo com um muro e, mal começa a primavera, gasta milhares de reais em anúncios na mídia, comunicando que, finalmente agora você tem ao seu dispor o melhor estilo de veranear na praia: longe dela. Oferece terrenos de ponta a ponta, quanto mais longe da praia, mais caro é o terreno. Você vai lá e compra um.

Enquanto isso a construtora urbaniza o lugar: faz ruas, obras de saneamento, hidráulica, elétrica, salão de festas comunitário, piscina comunitária com águas térmicas, jardins e até lagos e lagoas artificiais onde coloca peixes para você pescar. Sem falar no ginásio de esportes, quadras de tênis, futebol, futebol-sete, se o lago for grande, uma lancha e um professor para você esquiar na água e todos os demais confortos de um condomínio fechado de Porto Alegre, além de um sistema de segurança quase, repito, quase invulnerável.

Feliz proprietário de um terreno, você agora tem que construir sua casa, obedecendo é claro ao plano-diretor do condomínio que abrange desde a altura do imóvel até o seu estilo.

O que fazemos nós, gaúchos, diante dessa fabulosa novidade? Aderimos, é claro. Construímos as nossas casas que, de modo algum, podem ser inferiores as dos vizinhos, colocamos piscinas térmicas nos nossos terrenos para não precisar usar a comunitária, mobiliamos e equipamos a casa com o que tem de melhor, sobretudo na questão da tecnologia: internet, TV à cabo, plasma ou LSD, linhas telefônicas, enfim, veraneamos no litoral como se não tivéssemos saído da nossa casa na cidade.

Nossos veraneios costumam começar aí pela metade de janeiro e terminar aí pela metade de fevereiro, depende de quando cai o Carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias. Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos à noite. Quase todos na mesma hora, ida e volta.

É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento. Chegamos ao nosso condomínio lá pelas nove ou dez da noite. Usufruímos nosso novo estilo de veranear no sábado – manhã, tarde e noite – e no domingo, quando fechamos a casa.

Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta de noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.

E nem vou contar quando, ao chegarmos, a geladeira estragou, o sistema elétrico pifou ou a empregada contratada para o fim-de-semana não veio.

Temos, aqui no Sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo: Graças a Deus que terminou esta bosta de veraneio!

*****

Desconheço a autoria, mas recebi da Aninha por e-mail. E esse texto explica o porquê de eu não fazer questão neeeeeeenhuma de ir até Tramandaí dezenas de vezes por ano. 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ação promocional feita por quem manja de criatividade

Quando você vê publicidade no Brasil, geralmente vê:
- Mulheres gostosas para vender bebidas - de biquini na praia para vender cerveja ou elegantes na balada para vender destilados;
- Pegação/azaração para vender produtos jovens - pode ser refrigerante, pode ser moda teen;
- Poder/luxo/sedução para vender carros;
- Artistas populares para vender sabão em pó.
- Musa do axé para vender todo o resto.

É ou não é?

Por isso me surpreendo e bato palmas para as campanhas realmente criativas que se vê mundo afora. Como essa do Mini Cooper que descobri no blog do Alessandro Temperini e que colocou uma caixa do carro no lixo, como se fosse um brinquedo. Veja a reação das pessoas ao encontrar a caixa na calçada:



Quantas ações promocionais impactantes vemos por esses pagos?